Burnout: quando o cansaço vira sintoma
- isadora delfino
- 9 de mai.
- 3 min de leitura
Atualizado: 28 de jul.
Você tem se sentido no limite? Com a energia esgotada, como se não sobrasse fôlego para mais nada? Com a rotina corrida e as infindáveis exigências da vida moderna, estamos expostos a um nível excessivo de stress constantemente. Às vezes, vamos nos acostumando com o excesso: de trabalho, de cobranças, de exigências — até que o corpo e a mente começam a dar sinais de que algo não vai bem.
Vivemos em um ritmo acelerado, atropelando os dias como se estivéssemos sempre correndo atrás de algo que nunca chega. Quando nos damos conta, estamos vivendo no modo automático — numa repetição cansativa de tarefas, desgaste e exaustão. Esse tipo de cansaço não é só físico: ele atravessa o emocional, o psíquico, e também diz muito sobre o modo como nossa sociedade opera. É nesse ponto que entra o burnout.
O termo burnout ganhou notoriedade científica em 1976, ao ser cunhado pela psicóloga social Christina Maslach (1946), pioneira em reconhecer e descrever essa síndrome, caracterizada como um processo de esgotamento emocional provocado pela exposição prolongada ao estresse, especialmente no ambiente de trabalho, manifestando-se através de sentimentos crônicos de cansaço, apatia e desânimo. Hoje, entende-se que burnout também pode ocorrer em outros contextos de desgaste contínuo, como no cuidado de afazeres domésticos, acadêmicos e afetivos. A progressão dos sintomas é gradual, piorando com o passar do tempo.
A Síndrome de Burnout costuma se manifestar em três dimensões principais:
Exaustão emocional: refere-se a sentimentos de desânimo, cansaço extremo, insegurança e fraqueza. O indivíduo cria uma perspectiva negativa sobre si mesmo, acompanhada de sintomas físicos como: tensão muscular, imunidade reduzida, dores de cabeça, distúrbios de sono e apetite.
Despersonalização: traduz-se em um desligamento emocional e embotamento afetivo, fazendo com que em que o sujeito se distancie das coisas que estima, sentindo-se distante, alienado e isolado em relação às pessoas, hábitos e espaços que antes lhe faziam sentido.
Baixa realização profissional: traz à tona uma sensação de insatisfação, fracasso, frustração e desânimo, como se nada do que você fizesse fosse suficiente.
Com o tempo, o burnout pode afetar a saúde mental e física, o desempenho profissional, as relações e autoestima do indivíduo. Com frequência, o sujeito afetado pode apresentar comportamentos de isolamento, procrastinação, conflitos e tentativas de "anestesiar" o sofrimento com alimentos, substâncias ou distrações excessivas.
É importante reforçar que o burnout não se reduz ao indivíduo, uma vez que ele reflete um sistema que nos adoece ao nos exigir muito mais do que somos capazes de realizar. Vivemos sob a lógica de produtividade e performance, com um ideal de sucesso inalcançável, que nos cobra uma eficiência irreal em todos os aspectos de nossas vidas, levando-nos ao limite. Assim, não devemos culpar um indivíduo pelo seu sofrimento e sim, responsabilizar todo um sistema social que contribui para que as pessoas se sintam insuficientes, incapazes e insatisfeitas.
A psicoterapia, juntamente com mudanças no estilo de vida, podem te auxiliar a elaborar esse sofrimento e encontrar novas maneiras de perceber e estar no mundo, com mais cuidado e respeito pelos seus próprios limites. Não se trata de “dar conta de tudo”, mas de encontrar caminhos mais saudáveis para se viver.
O cuidado de quem sofre com a Síndrome do Burnout não se reduz a fórmulas prontas e deve ser feito de modo ético, especializado e aprofundado, de maneira a compreender a experiência e dor de cada um. Trata-se de entender o que esses sintomas têm a dizer sobre as relações, comportamentos e experiências de cada indivíduo.
A escuta clínica abre a possibilidade de reconstruir um caminho mais compreensivo e respeitoso, em que a dor é acolhida e a vida não precise ser esgotada ao limite. Se você sente que está no limite e precisa de um espaço de cuidado, saiba que a psicoterapia pode ser o começo de um movimento em direção a você mesmo.





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